Silêncios que gritam
“Sempre carrego este silêncio comigo: bem no meu coração. Quando tento expressá-lo, faltam as palavras necessárias. Mas o silêncio permanece. Quanto mais penso sobre ele, mais forte ele fica.”
O silêncio atravessa quase toda a obra de Shiota como metáfora de memória, ausência, perda e transcendência. Nascida em Osaka, Japão em 1972; vive e trabalha em Berlim desde 1996.
O silêncio em Shiota frequentemente serve como metáfora para aquilo que ficou, que foi perdido, que está latente. Objetos cotidianos carregam histórias; o silêncio os reivindica.
“In Silence”: instalação que originalmente ocupou Stuttgart; em sua versão inicial, Shiota coloca um piano queimado dentro de uma rede de fios pretos. O piano, instrumento que normalmente produz som, perde sua função sonora; ele permanece como relíquia de som, como vestígio.
É uma obra diretamente ligado a uma lembrança de infância da artista, ela viveu a experiência de um incêndio na sua vizinhança em que um piano foi queimado. O cheiro tomou conta da sua casa por muitos dias, ela sentiu que o piano carbonizado era agora um símbolo de algo incapaz de se expressar. O piano representa o indizível como algo imersivo, quase sufocante, um trauma mas também uma transcendência :
“Eles [os objetos] perdem sua função, mas não sua beleza — tornam-se ainda mais belos.”
Ela descreve essa obra com a frase: “Minha verdadeira palavra não tem som.”
O materiais : fios, objetos suspensos ou emaranhados, servem pra mediar esse silêncio , densificar a visão da experiência como um “mapa visual” do silêncio. Em entrevista ela comenta que o ato de tecer os fios é um processo emocional . E reflete que há cura ou liberação no processo: ao realizar a obra, parte do peso da memória se dissipa.
Suas instalações são ambientes imersivos, que pedem do visitante tempo, respiro, quietude.
Você consegue se imaginar entrando numa obra dessas ?
Que emoções ela te provoca ?
O tema de pesquisa desta Residência criativa é o silêncio nos processos de criação.
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