Pensamento divergente

J.P. Guilford foi um renomado psicólogo americano que, em meados do século XX, revolucionou o estudo da criatividade ao propor a existência de diferentes tipos de pensamento. De acordo com Guilford, o pensamento divergente é aquele que é responsável pela geração de ideias novas e diferentes. O pensamento divergente é considerado uma habilidade cognitiva essencial para a criatividade, pois permite que o indivíduo seja capaz de encontrar novas perspectivas e soluções para problemas.

A vida real é suficientemente complexa, dinâmica e imprecisa para crer que nossos problemas têm só uma única solução.

Ken Robinson um pesquisador da creatividade fala sobre o tema:

A inovação sempre lida com o pensamento divergente: quer seja na mudança da perspectiva de encarar o problema, no uso de materiais pouco convencionais dentro da área abordada ou nas metodologias revolucionários do processo.

Em sua famosa palestra no TED (“Do schools kill creativity?”) o pesquisador cita estudos que mostram que crianças pequenas têm níveis muito altos de pensamento divergente, mas essa habilidade tende a diminuir com o tempo, especialmente dentro de sistemas escolares rígidos.

Um outro pensador MIhály Csíkszentmihályi, foi pioneiro no estudo científico das relações da felicidade e a criatividade e também trabalhou com o pensamento divergente no processo criativo.

Mihály cunhou o termo "fluxo": o estado mental de se absorver completamente em uma atividade, que engloba um ótimo desempenho e um bem-estar caracterizado por foco, prazer e realização. Este estado acontece quando há um equilíbrio entre o nível de desafio e as habilidades do indivíduo.

Mihaly descreve cinco fases no processo criativo em que o divergente e o convergente se alternam:

  1. Preparação → absorção de conhecimento no domínio. (Aqui, ainda predomina o convergente, para aprender as regras).

  2. Incubação → o problema é deixado “de lado”, permitindo que associações inconscientes ocorram. (Espaço fértil para divergência).

  3. Intuição / Iluminação → momento do insight criativo, quando as ideias divergentes emergem de forma inesperada.

  4. Avaliação → o criador precisa usar pensamento convergente para julgar se a ideia é válida, possível, relevante.

  5. Elaboração → desenvolvimento, refinamento, testes. Forte uso de convergência, mas ainda com abertura para novas divergências.

Ou seja, para Csikszentmihalyi, o pensamento divergente é a faísca do processo criativo, mas só ganha sentido pleno quando combinado com pensamento convergente é validado dentro do sistema social em que a criatividade acontece. Vale ressaltar a importância que o escritor dá as sinergias das circunstâncias e relacionamentos para o processo criativo, explicando como o reconhecimento alheio é fundamental na consolidação das obras criativas.

E você o que pensa sobre este tema ?

Rick Rubin em seu livro sobre o ato criativo dá algumas dicas para alimentar o seu pensamento divergente:

  1. não descartar ideias “estranhas” cedo demais

  2. desapegar das fórmulas do mercado

  3. silenciar no início do processo seu pensamento crítico exagerado, acolher o improviso sem censura

  4. deixar que as idéias se manifestem através de você - abrir a sua intuição

Se você tem interesse neste tema da Criatividade ou processos de criação recomendo a leitura destes livros:

Ou pode dar uma olhada nos materiais do podcast da Residência criativa sobre processos de criação .


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